sábado, fevereiro 25, 2006

almoço interativo

o cenário: Restaurante à beira do Lago Paranoá
a cena: Sexta-feira à tarde, eu e um amigo resolvemos almoçar em lugar com ‘cara de fim de semana’. Enrolada no último dia antes das férias, cheguei atrasada e encontrei meu amigo batendo papo com o cara da mesa ao lado. Achei que era um conhecido, mas não. O moço puxou a conversa ali mesmo. Simpático. Mas, vida que se segue, sentei, fizemos nosso pedido e começamos a colocar o papo em dia. Eu e meu amigo. O engraçado é que o vizinho de mesa continuava a participar do encontro. Não dirigia uma palavra a mim, mas prestava atenção na conversa, sem nenhum pudor. Chegou a rir das nossas piadas. E até a inclinar a cabeça, para ouvir melhor. Tive várias reações. Achei engraçado, fiquei incomodada, com raiva, parei de prestar atenção. Mas uma coisa não dá para negar... Qualquer pessoa no lugar dele estaria ouvindo a conversa e fingindo que não. Pelo menos, ele foi autêntico.
moral da história: Em tempos de Big Brother e Orkut, espiar a vida alheia é algo trivial

terça-feira, fevereiro 21, 2006

rolam as pedras

o cenário: Prédio em frente ao meu
a cena: Viver em comunidade é uma arte. A gente se esforça para respeitar o espaço alheio, mas nem sempre é respeitado. No prédio em frente ao meu, mora uma crente doida. Doida daquelas que ouve só música de crente na maior altura (“somos do exército de Deus...) e que só tem um CD. Um! Eu, que sou desligada, já decorei várias letras... De vez em quando, olho pela janela e a doida está lá, sentada na cadeira de balanço, levantando as mãos para o céu, orando e cantando. No sábado, eu estava em casa, vendo os Stones pela TV – afinal, não sou mulher o suficiente para encarar as areais de Copacabana... Levantei para pegar um copo d’água e, ao passar pela janela, não acreditei. A vizinha maluca estava se balançando na cadeira, olhos pregados na televisão, sintonizada na Globo e no rebolado do Mick Jagger. Ficou provada a força do exército do rock.
moral da história: Existem coisas na vida que são incontestavelmente universais

terça-feira, fevereiro 14, 2006

os pastéis e o chopp

o cenário: Bar lotado
a cena: Depois do cinema, a sexta-feira à noite pede um bar. Por isso, eu e meu amigo fizemos um pit-stop para tomar um chopp e comer uns pastéis. O garçom, àquela altura, não estava lá tão bem-humorado. Nem vou culpá-lo, afinal, as happy hours começam antes das seis e já passava da meia-noite. Pedimos os pastéis. Como eu sou mulherzinha e meu amigo é muito homem, não chegamos a um consenso com relação ao sabor. Eu queria tomate seco, ele queria queijo. A porção era de oito pastéis. A minha fome era maior. “Por favor, cinco pastéis de tomate seco e três de queijo”. Não podia. “Tem que pedir quatro de cada”, rosnou o garçom. Paciência. Quatro de cada, então... A cestinha com os quitutes chegou. Pastéis soltando fumaça, uma delícia. Mas com um pequeno detalhe: vieram três de tomate seco e cinco de queijo.
moral da história: Em mesa de bar, o pedido nunca vem 100% (se você gosta de suco sem gelo, já sabe disso)

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

anos 80

o cenário: Show com Virginie, do Metrô
a cena: Foi como se eu tivesse entrado em outra dimensão. Sábado à noite, aceitei o convite dos meus amigos queridos para ir a uma festa dos anos 80, com banda legal e participação especial da cantora do Metrô. Com a cabeça no “Beat Acelerado”, lá fui eu. Cinco minutos no salão e uma troca de olhares com os meus amigos foram suficientes para constatar que havíamos atravessado um portal e entrado num universo paralelo. Um túnel que nos levou a esbarrar em homens com calça acima do umbigo e celular pendurado no cinto e mulheres com, pelo menos, uns 130 quilos. Tive a sensação de que as coisas estavam fora de compasso. Pessoas cafonas, estranhas, empolgadas. Eu, que freqüentemente me sinto ‘velha’ na balada, estava parecendo um bebê. A tese foi confirmada quando avistei a minha professora de português do primeiro grau! Eu não sabia se fugia correndo, se ia me ‘apresentar’ para ela, no estilo “oi, tia!”, ou se fingia que não tinha visto. Antes de decidir o que fazer, o show começou. Outro choque. É claro que o tempo – implacável como sempre – não pouparia Virginie. Mas, no meu inconsciente, a voz que gritava pelo Johnny Love teria de vir acompanhada daquele rostinho jovem e brega da década de 80. Óbvio que não foi bem assim. O que, obviamente, aumentou a diversão. As risadas e comentários assustados dos meus amigos salvaram a noite. É bom ter companhia quando a gente resolve dar uma voltinha por outras dimensões.
moral da história: Tá no inferno, abraça o capeta....
P.S.: Quer ler outros relatos sobre o universo paralelo? Vai lá... www.joselitando.blogspot.com e http://adorodeio.blig.ig.com.br

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

lei de murfy

o cenário: Oficina
a cena: Há dois dias, estava eu andando pelas ruas no maior pé d’água, quando meu limpador de pára-brisas simplesmente parou. E parou no meio do caminho. Além de não espantar a chuva, ficou ali, “em pé” no vidro, atrapalhando minha visão. Fui para o acostamento, desliguei o carro e, ao religar, o limpador voltou para o lugar. Corri para a oficina. Em tempos de chuvas de verão, não dá para ficar desprevenida. Conversei com a moça do caixa, quase tive um ataque do coração quando soube que um motorzinho “recondicionado” custava R$ 160 e entreguei as chaves para o mecânico. Pois foi só Pelé – o mecânico – dar a partida no carro que o limpador começou a trabalhar, todo serelepe. E foi um tal de liga, desliga, testa, muda a velocidade, joga água do pára-brisas... e o limpador funcionando. Perfeitamente. Saí da oficina com o cartãozinho do Pelé, “para qualquer eventualidade”. Hoje, a chuva voltou. E o limpador pifou. Por que, Murfy? Por quê??
moral da história: Os defeitos nunca aparecem na frente do mecânico.