segunda-feira, novembro 21, 2005

brincadeira

o cenário: Gramado entre dois blocos
a cena: Sábado à tarde, avisto de longe três montes de papelão. Resolvo me aproximar e percebo que são três meninos montando suas barricadas com caixas e papel pardo. Em uma delas, havia até uma bandeira no topo. Um dos meninos já está escondido, dentro de uma caixa. Os outros dois ainda arrumam a proteção e providenciam o arsenal. E começam a brincadeira. Atiram pedras nas caixas dos adversários. O menino escondido nem dá sinal de vida. Começam as reclamações e ele se explica: “Estou sem munição!”. Tempo para a recarga de pedrinhas. A guerra é retomada, agora com direito a diálogos. Fiquei estupefata ao constatar “quem” eram os inimigos. “Sai logo daí, seu Sem-Terra!”. As crianças abandonaram as fantasias de índios, cavalos e faroeste. Preferem as batalhas nacionais.
moral da história: Realidade tão próxima, mas tão distante...

quinta-feira, novembro 17, 2005

bate-papo virtual

o cenário: Computador
a cena: Depois de velha, resolvi entrar numa sala de bate-papo na internet. Tinha feito isso há uns cinco ou seis anos e as conversas não tinham sido nada produtivas. A de hoje, se não foi produtiva, foi engraçada. Entrei na sala de 30 a 40 anos e um garotão já se ofereceu todo animado. “Sou moreno, 1,86m, olhos verdes e 26 cm de pau duro”. Ahn??? Até conferi se não tinha me enganado e entrado nas salas de sexo... Como uma pessoa pode ser tão direta assim? Será que ninguém no mundo pensa em outra coisa? Será que não dá para ter uma conversinha legal e até infantil, mentindo a idade e a cidade, mas fazendo considerações verdadeiras sobre o último filme que vi no cinema? O moreno insistiu: “Tá afim?”. Resolvi dar corda e respondi: “Só se você parar de mentir o tamanho do seu pau. Esse tamanho aí, meu bem, não existe”. A seguir, a resposta, sem comentários... “Hahaha, desculpe... Exagerei em um centímetro. Ele tem 25cm...”
moral da história: Não teve conversa e muito menos sexo virtual. Mas saí da sala dando boas gargalhadas

sábado, novembro 12, 2005

chove, chuva

o cenário: Copacabana, princesinha do mar
a cena: Viajei para o Rio a trabalho. O que não me impediu, claro, de colocar o biquíni na mala e cruzar os dedos para que o sol iluminasse a cidade maravilhosa. Mas a meteorologia não ajudou muito... Com a previsão desanimadora, procurei me resignar e incluir na bagagem o tênis, para, ao menos, caminhar no calçadão. No primeiro dia, coloquei o despertador para as seis da manhã e, toda empolgada, levantei, vesti o agasalho, tomei um suco que estava no frigobar e desci. Deixei a chave do quarto na recepção e, com um largo sorriso de bom dia, marchei rumo à princesinha do mar. Só esqueci de um detalhe... Não me dei ao trabalho de olhar pela janela como estava o tempo. Mal pisei na calçada e já senti a chuva gélida no meu rosto. Orgulhosa que sou, me recusei a pagar o mico de entrar no hotel e pedir ao recepcionista minha chave de volta... Respirei fundo, subi o zíper do agasalho até o pescoço e acelerei o passo. Uns três quilômetros depois, a chuva deu uma trégua e pude concluir minha caminhada com um pouco mais de tranqüilidade. Deu até pra ver o mar.
moral da história: Quem caminha na chuva... é pra se molhar!

terça-feira, novembro 08, 2005

homofobia canina

o cenário: calçada
a cena: Passeio com o cachorrinho da mamãe é uma das minhas obrigações nos finais de semana. Supla é um ser minúsculo, que não está nem aí para a ‘irmã’ (eu), mas adora fazer uma amizade. No domingo passado, estávamos andando pelas ruas. Depois de ser atacado, carregado e apertado por umas quinze crianças ensandecidas que se divertiam no bloco ao lado, meu companheirinho avistou um amigo. Yorkshire como ele, o cão se aproximou todo feliz e os dois começaram a se cheirar. O dono do cachorro chegou perto com meio sorriso no rosto e perguntou: “é macho ou fêmea?”. Macho, respondi. Ele então puxou o bichinho e disse: “Vamos embora, Argus. Macho não pode se misturar com macho”. E atravessou a rua enquanto eu e Supla olhávamos atônitos.
moral da história: Macho que é macho tem medo de ter cachorro gay...