sexta-feira, setembro 29, 2006

glub...

o cenário: Banheiro
a cena: Juro que tentei ver o debate dos presidenciáveis. Mas não consegui chegar ao final. Bêbada de sono, acabei dormindo no sofá. Acordei pra lá do Programa do Jô. Liguei o piloto automático, fui para o quarto, abri a gaveta, peguei o pijama rosa. Tudo isso sem acender a luz. Continuei meu caminho até o banheiro. A idéia era tomar um banho rápido e ir pra cama. Como meu banheiro é minúsculo e não tem espaço para pendurar a roupa, joguei o pijama em cima do vaso sanitário, como sempre faço. Foi aí que ouvi um “glub”. Ao acender a luz, me dei conta de que a tampa da privada não estava abaixada, como sempre fica. Lá estava ela – minha linda calça do pijama rosa – afundando na água límpida e cristalina (graças a Deus) da privada.
moral da história: Não dá para levar a vida no automático

terça-feira, setembro 19, 2006

a cigarra e a barata

o cenário: Bloco da Asa Sul
a cena: O primeiro episódio aconteceu na quinta-feira. Foi quando descobri que não era mais uma daquelas menininhas frescas. Eu e meu namorado estávamos sentados na calçada, embaixo do bloco. Era noite e conversávamos tranqüilos, como dois adolescentes que só podem se encontrar ao alcance da vista do porteiro. De repente, senti uma ‘cosquinha’ no meu pé. Olhei pra lá e vi uma gigantesca barata entre as tiras da minha Melissa. Apesar do nojo e de ter chutado a sandália (e a barata) longe, não dei nenhum escândalo. Senti, confesso, uma fraqueza nas pernas, mas nada assustador. Me orgulhei de ter me comportado tão bem. Abracei meu namorado, como quem diz: “viu que mulher legal você tem ao seu lado?”. Meu orgulho durou pouco. Dois dias depois, uma f.d.p de uma cigarra fez a minha máscara cair. Estávamos no apartamento dele, no mesmo bloco. De repente, aquele barulho de asas batendo me paralisou. A cigarra entrou pela janela e, meio tonta, começou a buscar a saída enquanto era perseguida por Frida, uma valente basset hound. Não consegui segurar a onda. Saí correndo, me escondi no quarto, tremendo e implorando para Frida acabar com a minha agonia. Um vexame total.
moral da história: O dia do caçador depende da caça

quarta-feira, setembro 06, 2006

sinal vermelho

o cenário: Semáforo
a cena: Em Brasília, ainda é possível parar no sinal de trânsito com os vidros do carro abertos. Além de deixar entrar o ventinho do início da noite, é possível traçar o perfil dos companheiros de fila. Ontem, do meu lado esquerdo, o forró corria solto dentro de um Fiesta. A motorista cantava os versos da banda Calypso enquanto um pedinte que passava entre os carros foi chamado pelo rapaz que estava em um Uno à minha direita. O motorista entregou uma moedinha e doutrinou: “Não se esqueça que Jesus te ama”. O mendigo saiu aparentemente confortado, mas não percebeu que o bom moço havia escondido um suculento sanduíche no banco de trás. Caridade tem limite. A luz verde acendeu e, antes de acelerar, quase fui nocauteada por uma música altíssima vinda do carro que estava mais atrás. Em um Vectra branco, com adesivo de Coelhinho da Playboy, o motorista fazia cara de mau enquanto o rap falava por ele: “Sou guerreiro, não pago pra vacilar. Sou vaso ruim de quebrar”...
moral da história: Sinal de trânsito é amostra da diversidade humana