sábado, maio 14, 2005

o primeiro demaquilante

o cenário: banheiro de casa, depois do casamento de uma das minhas melhores amigas
a cena: O casamento era muito esperado e eu precisava me produzir. Há quase trinta anos, resisto a maquiagens e outros frufrus de mulher. Freud pode explicar – talvez seja uma forma de negar a idade adulta... Resolvi deixar minhas convicções de lado e fazer uma maquiagem de gente grande para a festa da minha amiga. A parte da produção foi muito legal, minha tia – maquiadora de mão cheia – fez um trabalho maravilhoso, me senti superbem. Fui para a festa com o batom e a esponjinha de pó na bolsa, junto com um potinho de demaquilante, que eu “ia precisar”. E aí é que foi o problema: eu nunca imaginei que desse tanto trabalho tirar maquiagem com creminhos. Lá pelas duas da manhã, eu me vi em frente ao espelho – o cabelo já livre dos 26 grampos que o prendiam – e nada da maquiagem sair. Passava o algodão branquinho e, de repente, ele já estava marrom. Trocava de algodão e acontecia a mesma coisa! Que difícil isso! Nem quero mais ser mulherzinha...
moral da história: Não basta saber se maquiar. É preciso saber tirar a maquiagem na hora certa

quinta-feira, maio 12, 2005

cinema na praça

o cenário: Vivo Open Air, na beira do Lago
a cena: O evento é superchique, tem uma telona de cinema gigante, ao ar livre. Ao lado, tendas com barzinhos descolados e pista de dança. Para melhorar o visual, tudo à beira do Lago. O tal do Vivo Open Air é o maior barato. O frio (de lascar) foi amenizado com uma mantinha deliciosa que eles vendem lá – e que meu amigão do peito me deu de presente! Nós, brasilienses, não estamos tão acostumados com superproduções e eventos como esse. Por isso, naquela noite fria, estréia do evento, com um saquinho de pipoca na mão, me senti numa cidade do interior. Não, não escrevi errado. Muita gente pensa: ah, legal, Brasília agora está no circuito de eventos, está virando cidade grande. Pois eu senti o contrário. Foi como se eu estivesse quietinha na minha cidade e a prefeitura resolvesse exibir um filme num telão no centro. Um grande acontecimento, como um circo, que chega e vai embora, deixando lembranças e sonhos numa praça vazia.
moral da história: Tem um monte de moral da história, mas o mais importante é: se for ao Vivo Open Air, não esqueça o casaco – ou compre a mantinha!

terça-feira, maio 10, 2005

feriadão de presente

o cenário: Parque da Água Mineral
a cena: Com a cúpula América do Sul e Países Árabes, nosso amado presidente decretou ponto facultativo na cidade – que realmente virou um caos com as ruas interditadas e os homenzinhos do exército exibindo suas armas. Para aproveitar o feriado inesperado, eu e um amigo fomos nos divertir na Água Mineral. Para quem não conhece, é um lugar superlegal, com piscina ultragelada, árvores, macaquinhos, trilha da Capivara (1.200 metros, com cerquinha de madeira) e até um clone do Latino. Como o sol não estava colaborando, demorei umas três horas para ter coragem de entrar na água. Mas entrei! E mergulhei, cantei, nadei, de óculos de natação e tudo. Só faltou o pé de pato. Programão de feriado nota dez!
moral da história: Sair da rotina de vez em quando não faz mal a ninguém

domingo, maio 08, 2005

extra, extra!

o cenário: Festa de samba-rock
a cena: Estávamos todos lá, num frio de doer, ouvindo uma banda que só tocava música ‘lado B’. De vez em quando, nos esforçávamos para decorar o refrão de alguma canção que nunca ouvimos antes e sentir o prazer de dançar e cantar ao mesmo tempo. Ás vezes, isso era impossível e, então, fazíamos uma pausa para conversar. Foi numa dessas conversas que descobri a existência de intraterrestres. Você sabia que existem seres que vivem no centro da Terra e, vez ou outra, vêm para a superfície e se disfarçam de humanos? Para identificar um deles, fique atento: eles moram sozinhos e não têm nenhum parente na mesma cidade. Fácil, não? Na própria festa, achei uns vinte intraterrestres em potencial. Mas parece que o papo é sério e tem até congresso para discutir o tema. Que medo.
moral da história: De perto, ninguém é normal

sexta-feira, maio 06, 2005

cola na mão

o cenário: Ambiente de trabalho, início da tarde
a cena: Trabalhar na sexta-feira já é difícil. Depois de uma noite pouco dormida, é pior ainda. Entrei na sala praticamente me arrastando e encontrei minha colega num estado de tédio que dava dó. Mas amanhã é sábado, é preciso ter ânimo. Para espantar a monotonia e encontrar coragem para trabalhar, resolvemos tirar uns instantes e voltar à infância. O instrumento que serviu como máquina do tempo foi um tubo de cola branca. Vai dizer que você nunca lambuzou a mão de cola e esperou secar, para “descolar” a pele? Pois foi isso que fizemos. E, não satisfeitas, ainda pintamos a “pele” de amarelo, com bolinhas pretas. Minha mão ficou mais lisa (não sei até quando) e a tarde passou mais rápido.
moral da história: Ah, hoje é sexta-feira, né?

quinta-feira, maio 05, 2005

saber viver

o cenário: Parque da Cidade, às 10 horas de uma quarta-feira
a cena: Olhei pela janela e não encontrei uma nuvem no céu. Resolvi caminhar no parque, para manter o bronzeado. Quando já estava no meu trigésimo oitavo minuto de caminhada, correndo contra o tempo, parei para comprar uma água de coco. Ao lado da barraquinha, tinha um cara sentado numa cadeira de praia, embaixo de uma árvore, lendo um livro. Estava tranqüilo, como se estivesse em frente ao mar, num domingo. Fiquei observando. Como o cara consegue fazer isso em plena quarta-feira? A resposta veio logo: fazendo, ué. Se ele tem o tempo livre, não importa se é dia útil ou não, tem mais é que aproveitar mesmo. E por que eu, que tenho uma porção de manhãs livres, não faço o mesmo? Porque estou sempre com a sensação de que tenho de ser produtiva. Mas percebi que uma leitura embaixo de uma árvore pode ser bastante produtiva. Ou não? Acho que vou comprar uma cadeira de praia e colocar no porta-malas do meu carro...
moral da história: Deixe de correr e vá ler um livro, de preferência, na sombra em um dia ensolarado

terça-feira, maio 03, 2005

brasília, 5:50

o cenário: Cama quentinha
a cena: Meu despertador toca às 5h50 da manhã. E não é por conta de uma reunião inadiável ou de um trabalho importante. É para ir para a academia. Nunca me imaginei fazendo isso. Adoro dormir – sofri horrores quando casei com um maluco que, em pleno domingo, ficava de pé antes das 8h. Mas agora estou virando maluca também. E achando o maior barato. Chego na academia às 6h30, com a maior energia. As pessoas, por incrível que pareça, são mais bem-humoradas, o clima é diferente. E, como diz a mulher de um amigo meu, a gente sai da ginástica às 8h com a sensação do dever cumprido. Pronta pra encarar o dia, seja ele como for. Às vezes, chego em casa, tomo banho e durmo de novo. Um sono gostoso, sem peso na consciência. E assim eu e o raiar do dia vamos levando, alegres e contentes, até que o horário de verão nos separe.
moral da história: Com quase trinta anos de vida, começo a entender aquele ditado: “Deus ajuda...”

segunda-feira, maio 02, 2005

peixe fora d'água

o cenário: Banco do Brasil, ao meio-dia de uma segunda-feira
a cena: Estava eu na fila do banco, já brava por ter que pagar o imposto de renda. Odeio fazer a “social” em fila. “Quanta gente, hein? E só dois caixas atendendo...” ou “É, parece que hoje está complicado. Na hora do almoço, eles deveriam colocar mais funcionários...”. Eu já chego e fecho a cara, pra ninguém puxar conversa comigo – o que não intimida tanto assim. Tem sempre um que não resiste e faz um comentário óbvio. Mas hoje, foi demais. Dois conhecidos se encontraram e começaram a bater o maior papo. O único problema é que havia sete pessoas entre eles, na fila (inclusive eu). Um gritava de um lado e o outro respondia lá no fundo. E ainda tive que agüentar as piadinhas. “– E aí, cara, o que você está fazendo da vida?... – O mesmo que o peixe faz: nada.” Próximo, por favor!!!
moral da história: Em dias de mau humor, evite ir ao banco na hora do almoço

domingo, maio 01, 2005

domingo ou feriado?

o cenário: Gramado da Torre de TV
a cena: Primeiro de maio, dia do trabalhador, uma porção de gente foi para o gramado da Torre de TV assistir shows, comer batata frita, comprar pipa e fazer inscrição para o vestibular e para cursos profissionalizantes. Tudo seria lindo e maravilhoso se não fosse um domingo. É muita maldade o feriado do trabalhador cair num domingo, não é? Por isso, resolvi me candidatar à Câmara Legislativa. Vou propor uma lei que garanta a folga do 1º. de maio. Se cair num domingo, o feriado passa automaticamente para segunda-feira. Sim, porque é o dia do trabalhador – e trabalhador (salvo exceções não tão raras assim) já não trabalha aos domingos, ora...
moral da história: Votem em mim!