terça-feira, outubro 25, 2005

velhinho tic-tac

a cena: Caminho da academia, às 6h55
o cenário: Todas as terças e quintas, tenho aula de ginástica às 7h. O despertador toca às 6h30 e eu, no ‘automático’, levanto, me arrumo, tomo café e saio de casa. Fazendo tudo direitinho, passo por um quebra-molas no meio do caminho às 6h55. E, invariavelmente, encontro um velhinho, de moleton, caminhando e sacudindo os braços. Além de ser um fofo, ele é muito pontual. Quando me atraso um pouco, ele já está mais à frente do quebra-molas. Confiando na precisão britânica do meu companheiro, desisti do relógio. Saio de casa e já fico de olho no velhinho. Se ele já tiver passado do nosso ponto de encontro, piso fundo no acelerador, porque estou atrasada.
moral da história: No dia em que o velhinho morrer, menos calorias vou perder (by Cristiano...)

sexta-feira, outubro 21, 2005

terno e gravata, sim, senhor

o cenário: Um senhor de terno, perambulando pela rua às quatro da tarde
a cena: Do meu trabalho, vejo a vida lá fora. Minha mesa fica ao lado da janela. E eu, que já gosto de dar uma bisbilhotada na vida dos outros, sempre chego mais perto e dou uma olhadela. Acompanho os passos do balconista da padaria, do dono da loja de bicicletas, do lavador de carros. Esse é uma figura. Nas horas vagas, dá uma de Bob Marley – e leva até esse apelido. Com os cabelos iguais aos do cantor, balança ao som do barzinho de reggae da esquina. Hoje, eu e minha colega de trabalho estávamos conversando. Ela disse – e, olha aquele senhor de terno, parece o lavador de carros... É mesmo, concordei. Passados uns minutinhos, olhamos de novo e, sim, era o lavador de carros!!! Terno marrom, pose de gente importante, Bob Marley desfilava pela comercial, ignorando o sol de rachar. Enquanto meus amigos reclamam de ter de trabalhar de terno e gravata no nosso país tropical, Bob passeia tranqüilo, todo “prosa”.
moral da história: Passei o resto da tarde com a pulga atrás da orelha: onde Bob conseguiu aquele terno??

quarta-feira, outubro 19, 2005

a dor

o cenário: Cozinha da minha casa
a cena: Há uns quinze minutos não paro de chorar. Acabei de saber que a cachorrinha (que de pequenininha não tinha nada) do meu ex-marido morreu. E envenenada, olha que sacanagem. Nina Simone era uma belíssima representante dos mastins napolitanos. Com porte e firmeza de rainha, me ensinou a respeitá-la e amá-la. Não vou mentir: eu morria de medo dela. Um medo quase paralisante – que só não me paralisou na noite em que acompanhei o nascimento dos seus filhotes. Foi ali, na verdade, que me apaixonei por ela. E acho que também foi ali que ela começou a ter ciúmes de mim. Eu chegava e ela se afastava, cabisbaixa. Medrosa que sou, não consegui me aproximar o tanto que queria. Mas o pouco contato físico que tive com ela foi bem legal! Nina foi a primeira cachorra de grande porte que colocou a pata na minha mão. E isso significou muito pra mim – afinal, sempre tive um medo irracional de cachorros. A primeira vez que engatinhei na vida foi para fugir de um cãozinho que se aproximava. Por tudo isso, choro muito a morte dela. Ela havia pulado a cerca de casa há uns dias e matado o pato do vizinho. No sábado, olha que coincidência, foi envenenada. E meu ex-marido só me contou hoje. Cachorro!
moral da história: Não tenho estrutura emocional para ter bichinhos de estimação

terça-feira, outubro 18, 2005

autoridade

o cenário: Desembarque do aeroporto
a cena: Aeroporto de Brasília às terças-feiras de manhã é congestionado. Uma penca de deputados e senadores que deviam estar trabalhando, como todos nós, desde segunda-feira, desembarca no mesmo horário. Pois foi num dia assim que fui buscar minha amiga lá. Diante da confusão de carros oficiais, resolvi esperar mais afastada. Quando ela me ligou dizendo que estava em terra firme, peguei o carro e fui para a pista do desembarque. Mal parei, um guarda de trânsito resolveu pegar no meu pé de plebéia. “Retire o veículo, fazendo o favor”. Vou retirar, minha amiga já está vindo. “Mas a senhora tem que retirar agora” Olhei pelo retrovisor e vi o caos. Um monte de carros pretos e vinte vezes mais caros que o meu parados no meio da pista. Respirei fundo. Minha amiga me ligou. No meio da confusão, não me achava. Falei pra ela onde estava e enfatizei: vem logo, porque o guarda ta pedindo para eu sair daqui. “Pedindo, não, senhora. Eu estou determinando que a senhora saia”. Ninguém merece uma demonstração de autoridade desnecessária às 9h da manhã!
moral da história: Manda quem pode. Obedece quem tem juízo.

pirataria é crime?

o cenário: Escada rolante de um shopping
a cena: Horário de almoço. Resolvi comer num shopping, para resolver umas pendências. Estava subindo na escada rolante. À minha direita, havia uma discoteca tradicional na cidade. Lembro de, pequenininha, comprar LP’s por lá. O cara que estava na minha frente cutucou o outro. “Ei, você não tava querendo comprar CD sem ser pirata. Ali tem!” O amigo fez uma cara de espanto. “Tem???”
moral da história: Cadê a tão falada informação à população?

a volta

Devagar, estou voltando. Percebi que a preguiça pode até me paralisar e impedir que eu escreva por aqui. Mas o mundo não pára e as pílulas saltam aos meus olhos. Preciso dividir isso!!!