quinta-feira, janeiro 26, 2006

me dá seu telefone?

o cenário: Comércio local, de madrugada
a cena: A moça e mais duas amigas estavam saindo de um bar. Enquanto andava em direção ao carro, um cara – já mais pra lá do que pra cá – começou a mexer com ela. “Ô, gata, me dá seu telefone!”. Ela acelerou o passo, com as amigas atrás. O carinha não se intimidou. Também passou a andar mais rápido e foi apostando todas as fichas. “Você é linda, a nora que minha mãe pediu a Deus. Fala comigo, me dá seu telefone...”. Finalmente, a moça avistou o carro, apertou o alarme e entrou como um raio. As amigas já estavam sentadas e o motor funcionando, quando o cara começou a gritar. “Espera, espera!”. A moça não quis nem saber. Engatou a ré, acelerou e.... bateu em uma moto que estava estacionada atrás do carro. Enfurecida, abriu a porta e perguntou às amigas: “Quem será o dono desta moto?” O cara deu um passo à frente. “Eu.” E ela teve que dar o número do telefone para ele...
moral da história: Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

atchim!

o cenário: Banheiro
a cena: Todas as pessoas que têm filho falam que a coisa mais legal é acompanhar as descobertas da criança. O primeiro sorriso, a primeira vez que alcança o pé, as bolhinhas que ela faz com a boca. É claro que, quando se tem um ou dois meses de idade, o mundo é uma descoberta só. Tudo é novo. Mas os anos passam e, por incrível que pareça, existem coisas banais que só vão acontecer com a gente na fase adulta. Ou talvez nunca aconteçam. Ontem, aos 30 anos de idade, tive uma experiência que nunca imaginei que pudesse ter. E com conseqüências desastrosas – além da crise de riso que tomou conta de mim. Alguém aí já espirrou escovando os dentes???
moral da história: A vida é cheia de surpresas

segunda-feira, janeiro 16, 2006

mãe e filha

o cenário: Praça de alimentação de um shopping
a cena: Meio-dia e meia, a praça de alimentação do shopping começa a encher. Ao meu lado, uma mesa vazia, com três cadeiras. Chegam para sentar a mãe, bem velhinha, e a filha, cheia de sacolas. Com autoridade de quem já é adulta e sabe o que quer, a filha aponta a cadeira para a mãe. “Senta aí!”. A velhinha, tranqüila, senta numa outra cadeira. A filha suspira sem paciência e coloca as sacolas na segunda cadeira. Ainda se achando a rainha da cocada preta, solta mais uma ordem. “Espera aí que eu já volto!”. A mãe olha em volta, deixa a moça se afastar e troca as sacolas de lugar. Consigo perceber um sorrisinho de satisfação. Afinal, mesmo velhinha e com uma filha autoritária, a mãe mostrou, com esse simples gesto, quem é que manda.
moral da história: Antiguidade é posto e mãe é mãe. E ponto.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

quem inventou o videokê?

o cenário: Prédio em frente ao meu
a cena: Quero matar quem inventou o videokê, se é que esse provavelmente japonês já não está morto. Minha vizinha de frente ganhou esse aparelho infernal e não pára de cantar no meu ouvido. De manhã, na hora do almoço, à noite. Ontem, tive um acesso de fúria e cheguei na janela, pronta para reclamar. Mas ela estava lá, com seus nove ou dez anos, de microfone nas mãos, cantando e olhando para o meu prédio como quem olha para a platéia. Resolvi contar até vinte e esquecer o discurso que eu tinha ensaiado. Não quero fazer com ela o que fizeram comigo. Sempre gostei muito de cantar. Pequena, cantava as músicas do Trem da Alegria e do Balão Mágico e recebia muitos elogios. Na adolescência, cantava no ouvido do meu namorado, que adorava. Até que um dia, me apaixonei (e namorei e quase casei) com um músico. E, no auge da paixão, ele me disse que eu era desafinada. Acabaram as canções. Até hoje – mesmo depois de aulas e aulas de canto – tenho a maior dificuldade de cantar em público. E o pior é que tenho consciência de que não sou tão ruim assim. Pra falar a verdade, me acho até boa. Mas não consigo. É um bloqueio que eu não quis repassar para a minha vizinha.
moral da história: (Meio óbvia) Não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você

terça-feira, janeiro 03, 2006

o dilema do segundo encontro

o cenário: Telefone
a cena: “E aí, aonde nós vamos?”. Pergunta difícil essa... Se for feita no segundo encontro, então, pior ainda. O segundo encontro é aquele dia em que você já beijou na boca, mas ainda não sabe se vai beijar de novo. Já saiu uma vez com a pessoa, mas não tem intimidade suficiente para, por exemplo, propor um dvdezinho em casa, com direito a pizza por telefone. Aí, você sugere um barzinho, come um petisco, bebe um pouco (não é bom encher a cara no segundo encontro!), conversa amenidades e sorri sem graça com o elogio, que inevitavelmente vai rolar. Só depois de tudo isso, aí, sim, vem a parte mais importante da história: os beijos na boca. Porque é claro que eles vão rolar. Segundo encontro só é marcado se os beijos forem garantidos. Mas, mesmo assim, existe todo o ritual e o dilema. Você tem que pensar aonde vai, com que roupa vai e o que vai fazer para disfarçar o desejo indisfarçável de beijar. E muito.
moral da história: Tenha sempre à mão uma lista de barzinhos românticos ou exposições de arte para responder rapidamente à pergunta lá de cima. Segurança no segundo encontro é tudo!