quarta-feira, setembro 06, 2006

sinal vermelho

o cenário: Semáforo
a cena: Em Brasília, ainda é possível parar no sinal de trânsito com os vidros do carro abertos. Além de deixar entrar o ventinho do início da noite, é possível traçar o perfil dos companheiros de fila. Ontem, do meu lado esquerdo, o forró corria solto dentro de um Fiesta. A motorista cantava os versos da banda Calypso enquanto um pedinte que passava entre os carros foi chamado pelo rapaz que estava em um Uno à minha direita. O motorista entregou uma moedinha e doutrinou: “Não se esqueça que Jesus te ama”. O mendigo saiu aparentemente confortado, mas não percebeu que o bom moço havia escondido um suculento sanduíche no banco de trás. Caridade tem limite. A luz verde acendeu e, antes de acelerar, quase fui nocauteada por uma música altíssima vinda do carro que estava mais atrás. Em um Vectra branco, com adesivo de Coelhinho da Playboy, o motorista fazia cara de mau enquanto o rap falava por ele: “Sou guerreiro, não pago pra vacilar. Sou vaso ruim de quebrar”...
moral da história: Sinal de trânsito é amostra da diversidade humana