quarta-feira, janeiro 04, 2006

quem inventou o videokê?

o cenário: Prédio em frente ao meu
a cena: Quero matar quem inventou o videokê, se é que esse provavelmente japonês já não está morto. Minha vizinha de frente ganhou esse aparelho infernal e não pára de cantar no meu ouvido. De manhã, na hora do almoço, à noite. Ontem, tive um acesso de fúria e cheguei na janela, pronta para reclamar. Mas ela estava lá, com seus nove ou dez anos, de microfone nas mãos, cantando e olhando para o meu prédio como quem olha para a platéia. Resolvi contar até vinte e esquecer o discurso que eu tinha ensaiado. Não quero fazer com ela o que fizeram comigo. Sempre gostei muito de cantar. Pequena, cantava as músicas do Trem da Alegria e do Balão Mágico e recebia muitos elogios. Na adolescência, cantava no ouvido do meu namorado, que adorava. Até que um dia, me apaixonei (e namorei e quase casei) com um músico. E, no auge da paixão, ele me disse que eu era desafinada. Acabaram as canções. Até hoje – mesmo depois de aulas e aulas de canto – tenho a maior dificuldade de cantar em público. E o pior é que tenho consciência de que não sou tão ruim assim. Pra falar a verdade, me acho até boa. Mas não consigo. É um bloqueio que eu não quis repassar para a minha vizinha.
moral da história: (Meio óbvia) Não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você