terça-feira, agosto 22, 2006

pára-choque de doido

o cenário: Balcão de lanchonete
a cena: Domingo à noite, não dá para voltar pra casa com a barriga vazia. Por isso, eu e meu namorado paramos numa lanchonete. Já no balcão, notei figuras estranhas no recinto. No caixa, um cliente emocionado comentava que freqüentava o lugar desde os tempos de escola. “Estou lembrando de você”, respondeu educadamente o dono da lanchonete. O outro se exaltou. “Lembra nada!”. A conversa continuou até culminar em uma discussão sobre se a professora da escola vizinha estava viva ou não. Do outro lado, notei a presença de um cara alto e forte, roupa esportiva, i-pod grudado na orelha. Até aí, tudo normal. Mas o olhar não me enganou. Logo vi que se tratava de um doido. Minha desconfiança se confirmou na hora em que ele pediu duas fatias de pizza. Apontou para o atendente: quero o primeiro pedaço daquela metade e o terceiro dessa metade. Foi atendido. Comeu calado, olhando para os lados, com o suor escorrendo pelo rosto. Na hora de pagar, puxou papo com o dono da lanchonete. Com os olhos arregalados, mostrou um aparelhinho eletrônico e apontou para a bicicleta parada do lado de fora. “Já pedalei 72 quilômetros hoje. Até o final da noite, vou chegar aos 90. Faço 700 por semana”, comentou. Quando viu o valor da conta, contou o dinheiro e reclamou. “Perdi cinco contos aqui. Só tenho R$ 4”. “Pode me pagar depois, fica tranqüilo”, disse o dono. Certo estava ele. Às dez da noite de um domingo, numa quadra vazia, você cobraria o dinheiro de um cara desses?
moral da história: Existem lugares (e pessoas) que atraem doidos